MENSAGEM DE UM EX-MARECHAL À SUA PÁTRIA

Oração à Pátria Brasileira

A Pátria (1919), de Pedro Bruno.
Acervo do Museu da República, Rio de Janeiro (RJ).


Sopra o vento do Ódio e da Vingança, 
Aniquilando a Paz do mundo inteiro, 
Embora o Amor Divino do Cordeiro 
Seja a fonte da Bem-aventurança. 

Mas a terra ditosa da Esperança 
Vive nas claridades do Cruzeiro, 
Onde o Evangelho é o Doce Mensageiro 
Das bênçãos da Verdade e da Bonança.

Meu Brasil, guarda a luz dessa vitória,
Que é o mais belo florão de tua glória 
Nos caminhos da espiritualidade.

Ama a Deus. Faze o bem. Todo o problema 
Está na compreensão clara e suprema 
Do Trabalho, do Amor e da Verdade.

(Brasil, soneto do Espírito Pedro de Alcântara ou D. Pedro II, 
em Parnaso de Além-Túmulo, psicografia de Chico Xavier).
***
"(...) A proclamação da República Brasileira, como índice da maioridade coletiva da nação do Evangelho, há de fazer-se sem derramamento de sangue, como se operaram todos os grandes acontecimentos que afirmaram, perante o mundo, a Pátria do Cruzeiro, os quais se desenvolveram sob nossa imediata atenção. Doravante, o Brasil político será entregue à sua responsabilidade própria. (...). Os discípulos do Evangelho sofrerão, certamente, os efeitos dolorosos da borrasca em perspectiva; estaremos, porém, a postos, sustentando o Brasil espiritual, que, de ora em diante, passará a ser nosso precioso patrimônio. (...)."

(Trecho das palavras de Jesus Cristo em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, do Espírito Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier).

Pátria brasileira!

Abençoada pela fulgurante luz das estrelas do Cruzeiro do Sul, estás programada pelo Senhor da Vida para que sejas, em futuro não distante, o centro de irradiação do Evangelho restaurado.

Enquanto a humanidade sofre a noite terrível que se abate sobre a Terra, e tu experimentas, solo verdejante, a sombra dominadora do descalabro moral dos homens, na Consciência Cósmica que te gerou estão definidos os desafios e rumos para que logres as tuas conquistas em futuro próximo.


Brasão oficial da República Federativa do Brasil.
Ostenta ainda dois ramos simbolizando os principais produtos agrícolas do extinto Segundo Império e da República Velha: café (à esquerda) e fumo (à direita).

Dormem, nas montanhas em que te apoias e na intimidade das águas oceânicas do Atlântico, que te banha de norte a sul, tesouros inimagináveis que te destacarão mais tarde no concerto econômico das grandes nações.

Embora a conspiração deste momento contra as tuas matas grandiosas, sobreviverás às ambições desconcertantes de madeireiros, pecuaristas, agricultores desalmados, e dos conciliábulos nefandos que lutam pela destruição da tua Amazônia, que permanecerá como último pulmão da Terra, sustentando a sociedade que hoje se encontra sem rumo.



Padeces, na conjuntura atual, a sistemática desagregação dos valores ético-morais, políticos e emocionais, os mesmos que abalam o mundo, mas esses transitórios violadores do dever passarão, enquanto persistirá a tua destinação histórica, Pátria do porvir!

Conseguiste libertar-te da mancha cruel da escravidão em etapas contínuas, que culminaram no gesto audaz da tua filha, que não teve pejo de, na ausência do pai, pôr fim ao abuso da exploração impiedosa do negro, também teu filho, no eito terrível e hediondo da perversidade.


Marechal Deodoro da Fonseca proclamando a República (c.1892), de Henrique Bernardelli.

Logo depois, já livre do jugo da pátria-mãe que te humilhava, pondo-te em subalterna situação, aspiraste por voos mais altos, que um dia se transformaram em liberdades democráticas que sorriram para ti, e teu pavilhão verde, azul e amarelo tremulou, numa república, que a partir de então podia compartilhar do banquete internacional realizado pelos povos livres da Terra.

É certo que ainda estertoras, neste momento de desafios, quando a cultura cambaleia, a ética desfalece, a moral se perverte e os direitos humanos esquecidos são postos à margem pelos dominadores ignorantes de um dia.


Tu, porém, sobreviverás a toda essa desdita, Brasil!

Compreende, neste momento, a desenfreada manobra dos manipuladores da opinião pública e a daqueles que te dilapidam os valores, transferindo-os para os paraísos fiscais da ignomínia e da insensatez, porque esse hediondo crime contra tua economia e os milhões de vidas, será de duração efêmera. Eles morrerão deixando tudo em contas secretas e em aplicações de que jamais se utilizarão...

Enquanto isso ocorre, gemem no teu solo os filhos da miséria, ocultos nos escombros do abandono.

As tuas vielas, ruas e avenidas nos pequenos burgos do interior nas metrópoles, veem e sofrem inermes, a desenfreada correria da violência que se atrela ao selvagem potro da morte, dizimando vidas, taladas em pleno alvorecer.


Alegoria da República (1896), de Manuel Lopes Rodrigues.
Acervo do Museu de Arte da Bahia, Salvador (BA).

Para, porém, em paciência e compaixão, [pagar] o preço da tua destinação histórica, na tua condição de futura Pátria da Paz e do Evangelho de Jesus.

Isto passará, e logo depois da noite sombria, uma aurora de esperanças irá colocar-te no lugar que te está reservado, quando poderás oferecer lições de misericórdia e de solidariedade ao mundo que não perdoa; tu que te apresentas em forma de um grande coração simbolizando a afabilidade e a doçura.

Oro por ti, Brasil, e por vós, brasileiras e brasileiros, na condição de filho que também sou da terra iluminada pela constelação do Cruzeiro do Sul.

Deodoro.


(Mensagem psicofônica ditada pelo Espírito Deodoro da Fonseca ao médium Divaldo Pereira Franco, na sessão da noite de 16 de novembro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA, publicada em Revista Internacional do Espiritismo, março de 2006, com modificações).


Manoel Deodoro da Fonseca (1827-1892)
Nasceu em Alagoas, em 05 de agosto de 1827, na atual cidade de Marechal Deodoro. Estudou em instituições militares desde os 16 anos. Combateu, pelo império de D. Pedro II, a Revolução Praieira (PE), os conflitos no rio da Prata, no Uruguai e na Guerra do Paraguai. Em 1885, tornou-se Presidente da Província do Rio Grande do Sul. Chefiou os setores antiescravistas do Exército que apoiaram a Abolição em 1888. Em 15 de novembro de 1889, proclamou a República, extinguiu a monarquia e tornou-se chefe do governo provisório. Em 25 de fevereiro de 1891, após a promulgação da 1ª constituição republicana do Brasil, foi eleito, pelo Congresso Nacional, o 1° presidente do país. Seus 9 meses seguintes foram marcados por crises econômicas (a exemplo do Encilhamento, durante a gestão de Rui Barbosa na pasta do Ministério da Fazenda) e forte oposição política dos principais setores da sociedade. Para tentar evitar um golpe de Estado, fechou o Congresso. Porém, não conseguiu apoio necessário para governar, fato que o levou a renunciar em 23 de novembro de 1891 (sucedeu-lhe seu maior opositor, o vice-presidente Marechal Floriano Peixoto). Faleceu logo depois, em 23 de agosto de 1892, aos 65 anos, de causas relacionadas a problemas respiratórios que o acompanhavam há anos. No ano anterior, no exílio, em Paris, antecedeu-lhe D. Pedro II.

Hino à Proclamação da República

Letra: Medeiros e Albuquerque (1867–1934)
Música: Leopoldo Miguez (1850-1902)
Data de lançamento: 21 de janeiro de 1890


Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperanças, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue no nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder,
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado
Sobre as púrpuras régias de pé!
Eia, pois, brasileiros, avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso país triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Para ouvir: 

Sobre o hino:

Assim que tomou o lugar do regime monárquico, os republicanos se preocuparam em estabelecer novos símbolos que tivessem a função de representar a transformação política acontecida no final do século XIX. Já em janeiro de 1890, o governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca lançou um concurso visando a oficialização de um novo hino para o Brasil. Com isso, o Teatro Lírico do Rio de Janeiro foi palco da disputa que acabou sendo vencida por José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (letra) e Leopoldo Miguez (música).

Atuando como professor, jornalista, escritor e político, Medeiros e Albuquerque teve uma formação intelectual privilegiada, estudou na Escola Acadêmica de Lisboa e teve, no Brasil, o folclorista Silvio Romero como seu preceptor. No meio político foi um grande entusiasta do ideal republicano e, quando o novo regime se instalou, Medeiros e Albuquerque assumiu alguns cargos públicos e administrativos do novo governo.

Já Leopoldo Miguez saiu cedo do Brasil e, já nos primeiros anos de vida, se dedicou aos estudos musicais na Europa. Em 1878, voltou ao Rio de Janeiro para abrir uma loja de pianos e música. Sendo professo defensor da República, recebeu auxílio para retornar para a Europa e ali concentrar informações sobre a organização de institutos e conservatórios musicais. Em 1889, fora nomeado como diretor e professor do Instituto Nacional de Música.

Mesmo ganhando a disputa, o hino formado por esses renomados artistas acabou não sendo utilizado como o novo hino do país. Em um decreto de janeiro de 1890, o governo brasileiro estipulou que a criação fosse empregada como sendo o Hino de Proclamação da República. Desse modo, a composição acabou sendo conservada como um dos mais significativos símbolos que representam a proclamação do regime republicano brasileiro.

No ano de 1989, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense comemorou o centenário da República utilizando uma parte do refrão do Hino em seu samba enredo. Muito pouco utilizado em solenidades oficiais, esse hino precisa ser resgatado como um dos mais significativos símbolos de nosso regime político. Segue abaixo a letra para aqueles que tiverem interesse em contemplar o seu conteúdo.


6 comentários:

  1. Bom dia Pátria amada e muito querida de meu coração!
    Bom dia república de nossos sonhos que se avizinha em meio aos monturos de de detentores da política de forma desalmada...
    Desses escombros sociais, dessa deformidade ética ressurgirás querida Pátria, pois eu e milhões de brasileiros fiéis aos compromissos assumidos nos mantemos em trabalho honesto e cheios de força moral e excessiva ética para retomar a Nação brilhante entre os Céus do Evangelho de Jesus!
    Obrigada Jenner por matéria tão linda e significativa!

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  2. Meu prezado, peco que me passe suas considerações sobre este estudo superficial que fiz sobre a Proclamação da Republica. Seria de estrema valia ouvir sua opinião. http://pt.calameo.com/books/00200482057b7776f43be Obrigado.

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  3. Esse espírito imundo que traiu o Brasil derrubando a Princesa Isabel , um espírito elevadíssimo e seu pai Don Pedroll , só engana os incautos! Se hj o Brasil está na merda foi graças a ele Benjamim Constant, que ardam no inferno!

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    1. Muito bem dito Roksana. Compartilho do mesmo pensamento. O que mais me espanta é saber do apoio da Espiritualidade, que prevê as dificuldades pelas quais passaria e passa a Nação,e acha tudo muito bonito, romântico até. Essa tal Pátria do Evangelho de que tanto falam já poderia estar pronta a muito tempo, a nao ser que nos entreguemos ao misticismo de acreditar que a ‘’profecia’’se cumprirá no seu devido tempo. Enquanto isso, dane-se o Brasil, faz parte.

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  4. não devemos ser juízes e carrascos. Que cada um deixe ao Senhor seu julgamento. Aqui não há defesa de ninguém, não somos advogados ou acusadores. A espiritualidade maior concedeu ao Espirito Deodoro a oportunidade de deixar uma mensagem edificante que tanto precisamos. Pedimos encarecidamente o espeito à crença ou ao ceticismo como garante nosso Estado laico e a Constituição atual. Os Espiritos amigos tb falam que devemos trabalhar em prol da edificação da Patria do Evangelho pois só cabe aos homens fazerem isso e então a Espiritualidade auxilia em conjunto. Convidamos as senhoras a estudarem melhor as obras do Espiritismo segunda codificação de Kardec e de Chico Xavier a fim de dar melhores explanações. Obrigado e muita paz.

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